Vivemos na era do culto à juventude. Mas daí que entrei na
casa dos enta e estou achando ótimo, libertador.
Não tenho mais que sofrer para entrar na roupa da moda, a
essa altura, a gente já conhece o nosso estilo, assim, eu faço a minha moda
(sem deixar de acompanhar as tendências, vou morrer gostando disso).
Já namorei, já casei e minhas filhas estão numa idade em que
são mais independentes, oba!, tenho mais tempo para mim.
Me sinto na segunda etapa da vida, hora de colher os louros
da primeira parte, em que estudei, corri
atrás de reconhecimento, estabilidade e um relacionamento bacana. Ganhei
algumas, perdi outras. Ok.
Agora é voltar a estudar, estar por aí junto à família e
amigos, se precisarem, podem contar. E passar um pouco do que aprendi nessa
vida aos mais jovens. Ciranda da vida.
Quero viajar mais, mas sem pressa, não preciso abraçar o
mundo, posso fazer escolhas e defendê-las. Não preciso mais partir para a
briga, bendita maturidade (mas sem perder a jovialidade perante os encantos da
vida).
Claro que têm os ônus: uma dor aqui, outra ali, os fios de
cabelos brancos, os quilos que demoram muiiito mais a ir embora, mas isso a
gente resolve na boa (médicos, caminhadas, dietinha de vez em quando..). Sem
muitas neuras, nem muitas mudanças radicais. E os bônus: como não sou muito de
sol, a pele está bem, obrigada. Ainda dá para adiar o botox e os amigos dele.
Enfim, chegar aos enta é ótimo, quando entendemos que é
necessário deixar o tempo fazer sua ação sobre nosso corpo. Nunca fiz plástica
nem busquei a fórmula da juventude eterna. As rugas, a barriguinha, a flacidez
servem para nos mostrar que o tempo é finito, mostram a sua história, como você
viveu e se cuidou, e nos alerta para a fase da vida em que estamos. É
necessário assumir o passar dos anos, não adianta querer entrar na mesma calça
de sempre, o corpo muda, é fato.
E isso é bom, desde que você não tenha pautado sua vida na
busca da imagem ideal, perfeita. Se você fez mais do que isso, os enta chegarão
de forma serena e divertida.
Bjs!
Mônica Boiteux